"Resident Evil 5" é um ótimo capítulo da tradicional franquia de terror da Capcom, explorando de forma instigante a mitologia da série, com um apresentação caprichada e boa sinergia entre os protagonistas nos vários momentos de ação. Há muito conteúdo a ser descoberto, o que fará com que fãs joguem a campanha principal repetidas vezes, principalmente quando o modo multiplayer se revela tão interessante. Infelizmente os controles são antiquados, mantidos assim propositalmente para acentuar a tensão dos tiroteios, o que não deve agradar os novatos acostumados com jogos mais ágeis. Mas é obrigatório para os fãs, que deverão encontrar aqui um episódio que não deixa nada a dever aos anteriores.

Uma aventura na África
O novo capítulo da saga volta a se concentrar na figura de Chris Redfield, introduzido ainda o primeiro jogo da série. Depois de desmantelar a corporação Umbrella, responsável por experiências que levavam a mutações horrendas em humanos e animais, o herói se empenha na luta contra o tráfico de tais experimentos, usados com armas biológicas por terroristas e outros grupos criminosos.
Sua mais recente missão o envia a um país fictício do continente africano para investigar uma nova epidemia - muito parecida com a relatada por Leon Kennedy em "Resident Evil 4", quando teve que resgatar a filha do presidente dos EUA das garras de um culto misterioso na Espanha. Como integrante da agência antibioterrorismo BSAA, Chris se alia a uma agente local, a atlética Sheva Alomar, e parte em uma jornada que, no fim das contas, não se limita a estudar as origens da infecção e explora todo o passado da franquia, assim como personagens muito queridos pelos fãs.
A trama é com certeza o grande trunfo do game, capaz de absorver não só os fãs de longa data da série, mas também marinheiros de primeira viagem. Como este já é o oitavo título canônico e alguns eventos passados podem estar apagados na memória dos veteranos , o jogo traz arquivos em texto sobre a mitologia completa da franquia para relembrar fatos e situar os novatos. Isto é importante porque a narrativa não se acanha em despejar referências a jogos anteriores ou apresentar flashbacks reveladores, mantendo o importante senso de progressão da série - já se foram treze anos desde o primeiro "Resident Evil" e ainda curtimos a história introduzida por ele, com suas várias reviravoltas e conspirações.
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O grande chamariz deste "Resident Evil 5" é o sistema de parceria entre Chris e Sheva, algo que foi introduzido em "Resident Evil 0" para Gamecube e aqui funciona de maneira mais dinâmica. Jogando sozinho, o usuário controla Chris enquanto o computador se encarrega de Sheva, utilizando duas posturas diferentes, uma mais agressiva e outra de cobertura. A moça é bastante útil não só nos combates, mas também na exploração dos cenários para a resolução de puzzles - podemos ajudar a heroína, por exemplo a subir, em uma plataforma de difícil alcance para encontrar a saída.
Infelizmente o computador não é lá muito esperto e coloca Sheva como uma verdadeira cria do Rambo. Ela não hesita em gastar balas, granadas e spray de primeiros socorros ao menor sinal de perigo, o que pode comprometer seu estoque para momentos mais críticos, como os combates contra os chefes. É necessária cautela ao utilizar o novo sistema de inventário em tempo real e dar a ela somente o essencial para uma cobertura efetiva, sob o risco de desperdiçar itens valiosos em confrontos banais.
Talvez por isso o jogo seja tão viciante em multiplayer, com dois amigos controlando os protagonistas. Embora não seja um processo muito intuitivo offline - é necessário que o segundo jogador pressione start durante uma partida em andamento para poder entrar, já que a opção não aparece no menu inicial - é bastante compensador. Dá para estranhar um pouco a divisão da tela, que fica preta e mostra duas telas um pouco distantes uma da outra, similares ao efeito PIP (Picture in Picture) de televisores. Mas ao se acostumar com o efeito, com certeza tudo fica mais interessante, ágil e entrosado. O mesmo esquema pode ser repetido online, o que se mostrou igualmente interessante.
Flexionando os músculos
O áudio também é bastante complexo, aproveitando-se de vários canais para bombardear os ouvidos do jogador com informações por todos os cantos, causando um envolvimento digno de filmes como "Falcão Negro em Perigo" - para citar uma das várias semelhanças. Só mesmo a dublagem deixa um pouco a desejar, ainda mantendo um certo ar de canastrice dos primeiros exemplares, com várias frases feitas e reações pouco convincentes.
Há ainda vários elementos extras a serem habilitados, como o tradicional minigame "Mercenaries", além de roupas extras e outros segredos revelados com o término do jogo, que induzem o jogador a encarar tudo novamente sem pestanejar.
Tradições intocadas
Além das mudanças de mecânica trazidas pelo esquema de parceria, há uma tentativa de aproximar mais o jogo da ação com várias situações de combate contra múltiplos inimigos, se focando menos na resolução daqueles problemas inverossímeis do passado - como encontrar partes de estátuas que abrem passagens secretas nos lugares menos prováveis - ainda que alguns trechos similares ainda estejam presentes.
Infelizmente ela é pouco eficiente, se baseando somente em esquemas de controles novos (opcionais) que se assemelham ao de jogos como "Gears of War", além do próprio posicionamento da câmera, que limita a visão à direita do jogador ao se posicionar sobre o ombro do herói. O problema é que, além ter a visão do lado esquerdo comprometida, você tem o reflexo natural de controlar Chris (ou Sheva) como Marcus Fenix, quando eles não possuem a mesma agilidade do herói futurista da Epic. Há ainda resquícios do tal "controle de tanque", aquele que obrigava obrigando o personagem ter que girar em torno do próprio eixo para mudar de direção e ter que parar para atirar.
É algo que não deve incomodar os veteranos da série, mas pode irritar aqueles acostumados com toda a agilidade e rapidez dos jogos de tiros modernos. De qualquer forma parece ter sido uma atitude planejada da Capcom - como foi confirmado em entrevistas pelo produtor Jun Takeuchi - para travar um pouco o personagem e criar tensão de forma artificial. Como não há muitos momentos de real suspense na trama e a preocupação em estocar munição foi bastante reduzida, o sufoco agora reside na limitação dos personagens em reagir aos constantes ataques inimigos, que vem de todos os lados. É uma aposta um pouco preguiçosa, há de se admitir, mas que acaba funcionando como planejado - há muitos momentos de sufoco quando se você se vê incapaz de se proteger e reagir das agressões rapidamente.
Para os comédias que estão "travados" e precisam de ajuda. Segue o link do detonado.
http://www.forum-vp.com/t4362-resident-evil-5-detonado
Não dá vontade de jogar de novo
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